A paremiologia moderna coloca as práticas de recolha lado a lado com as especulações teóricas. Assim foi também para os antigos estudiosos gregos e romanos. Infelizmente, perdeu-se quase tudo da antiga especulação paremiológica. Podemos encontrar vestígios muito pequenos em Aristóteles, nos seus companheiros, em Quintiliano e em alguns textos lexicográficos. Vários destes autores, no entanto, focam sobretudo o emprego retórico do provérbio, não tanto a sua essência. São estes os autores mais citados pelos estudiosos modernos.

A antiga paremiografia grega, no entanto, foi alvo de uma série de compilações feitas por autores desconhecidos, cerca da Idade Média bizantina. Entre os séculos XV e XVI duas personalidades importantes realizaram uma summa da antiga tradição paremiográfica: Michael Apostolios e o seu filho Arsenios. No prefácio à primeira Colecção de provérbios, da autoria do pai, Michael, são incluídas várias definições do conceito de paroimia, "provérbio". Arsenios, seu filho, no início do século XVI, ampliou a Colecção do pai com uma nova perspectiva, muito importante pela sua prática paremiográfica.

Ele acrescentou à secção de paroimiai (provérbios) uma seção de gnomai (máximas), outra de apophthegmata (citações de autores) e uma última de hypothekai (contos históricos contendo frases de autor). Arsenios faz uma distinção, portanto, entre os provérbios de origem popular, tendo como protagonistas os objectos e elementos inanimados da vida quotidiana e do mundo natural, as máximas, centradas em conceitos ou personificações, e as frases de autor e históricas.

Com uma primeira tradução moderna de algumas passagens relevantes das Colecções de Michael e Arsenios, e através de alguns exemplos das suas especulações e práticas paremiográficas, gostaria de lançar alguma luz sobre este capítulo muitas vezes esquecido de uma paremiologia já moderna.

A análise de dois manuscritos das Colecções de Michael e Arsenios Apostoli e as provas contidas em algumas passagens relevantes das Colecções mostram como estes paremiologistas modernos se focaram na diferença entre paroimiai (provérbios) e gnomai (máximas), apophthegmata (frases autorais) e hypothekai (contos históricos contendo frases de autor).

Este artigo é um trabalho conjunto de Emanuele Lelli e Lorenzo Ciolfi.