Provérbios como Todos os caminhos levam a Roma, All roads lead to Rome ou Kaikki tiet vievät Turkuun dependem do seu contexto cultural. Eles se mobilizam em vários níveis de uso. Provérbios de diferentes povos e diferentes áreas de fala permitem diversas interpretações. Além disso, o mesmo provérbio pode ser usado em vários contextos e para muitos propósitos. Os provérbios sempre foram passíveis de trazer problemas de tradução e de explicações gerais. Podem ser classificados segundo diversos critérios: históricos, linguísticos, temáticos, educativos, lógicos etc.
A descrição anterior mostra a riqueza da diversidade de pontos de vista dos paremiologistas (académicos estudiosos dos provérbios e das expressões proverbiais) em todo o mundo a qual pode ser canalizada em benefício de todos, através das contribuições provenientes de áreas culturalmente complementares. Pelo menos, paremiologistas, paremiógrafos e entusiastas da temática proverbial na Europa podem unir-se na defesa e promoção de valores de solidariedade como forma de promover uma cidadania activa, especialmente em tempos de crise. Estimular o diálogo e desenvolver a mútua aprendizagem entre povos e culturas de forma a promover as boas práticas e a encorajar a cooperação, é a ideia central do Colóquio, neste ano de 2024 em que a AIP-IAP tem a pretensão de contemplar a Década das Nações Unidas de Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (Organizado sob a liderança da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, 2021–2030); a Década Internacional das Ciências para o Desenvolvimento Sustentável (Proposto pela ONU com a UNESCO para implementação com partes interessadas como o ISC e suas uniões científicas internacionais, 2024–2033) e a Década Internacional da Saúde do Solo (A saúde do solo e seu manejo sustentável são extremamente importantes para o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, 2015–2024) e aos quais se pretende fazer jus.
A paremiologia tem sido apenas um tema adicional ou separado de questões mais profundas tal como em encontros anteriores relativos a aspetos linguísticos (por exemplo, http://europhras.org), abordagens históricas da história cultural ou como lidar com problemas de tradução. Os paremiologistas ainda não assumiram a posição de construção de pontes e que poderiam já ter adotado. Como especialistas em tradição e comunicação, os paremiologistas e paremiógrafos têm um enorme potencial de contribuição para a compreensão mútua entre culturas. Excelentes coleções de provérbios foram publicadas desde o século XV. Entre eles podemos citar as coleções multilíngues de Gyula Paczolay (provérbios europeus em 55 línguas, 1997), Arvo Krikmann e Ingrid Sarv (Eesti vanasõnad, 1987), Metīn Yurtbaşi (provérbios turcos e seus equivalentes em quinze línguas, 1993), o dicionário de Chu-Hsien Chen (O dicionário de provérbios e ditados comuns de Taiwan, 2009), bem como diários de provérbios de Wolfgang Mieder (Provérbio: anuário de estudos de provérbios internacionais, 1984-), Julia Sevilla-Muñoz (Paremia, 1993-). Também houve esforços para encontrar critérios para classificar provérbios. Um dos exemplos recentes é o sistema de tipo internacional https://www.mattikuusiproverbtypology.fi/ do falecido académico finlandês Matti Kuusi.
É altura de Portugal ter um papel mais activo na promoção de estudos paremiológicos e na motivação de entusiastas para recuperar o interesse pela temática; lembramos os exemplos de F.R.I.L.E.L. (Adágios, provérbios, rifãos e anexins da língua portugueza tirados dos melhores authores nacionaes e recopilados por ordem alphabetica, 1780) e de António Delicado (Adágios portuguêses reduzidos a lugares communs, 1923). Trata-se de um processo eficaz para reforçar a identidade de cada País e contribuir para uma melhor compreensão mútua entre nações de outras áreas culturais do nosso planeta.