Os lugares que as sociedades vão mantendo significantes, alguns hoje reconhecidos como Património Cultural,resultam de um longo processo histórico de utilização, simbolização e monumentalização da paisagem. Sobre os inúmeros testemunhos das vivências e atos humanos no passado, atuou a memória e o esquecimento. Foram selecionados os elementos que permaneceram significantes e úteis para as sociedades que se sucederam ao momento da sua criação.

O conceito alargou-se, e o monumento, que foi durante muito tempo o objecto arquitectónico isolado, é hoje analisado na relação com o território que o envolve, onde se destaca ou confunde. O monumento assume-se numa paisagem como um operador de relocalizações e significados.

Na perspectiva da gestão do Património Cultural e Ordenamento do Território, afirma-se na Europa uma preocupação crescente com as "Paisagens Culturais", sua definição, compreensão, apreciação e protecção, envolvendo diversas disciplinas. A Convenção Europeia da Paisagem (Florença, 2000) reconhece a paisagem como uma componente básica do património cultural e natural importante para a construção das culturas locais, consolidação da identidade europeia, sendo também um elemento fundamental na qualidade de vida da população.

Também a European Spatial Development Perspective (1999) reconhece que o património cultural da Europa – das paisagens culturais das áreas rurais aos centros históricos das cidades – é a expressão da sua identidade. As paisagens culturais contribuem pela sua originalidade para a identidade local e regional e refletem a história e a interação entre o homem e a natureza.

Estes passos levaram à Convenção para a Salvaguarda do Património Imaterial (2003) que define este conceito de imaterialidade como “os, objetos, artefactos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu património cultural. Este património cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana”.

Nesse sentido esta comunicação abordará os caminhos (sucessos e dificuldades) que o Património Cultural Imaterial percorreu no Algarve nas últimas décadas, desde as investigações dos anos 60 até ao trabalho dos museus, passando pela candidatura a Património Imaterial da Humanidade da Dieta Mediterrânica, a qual teve como comunidade representativa em Portugal o Município de Tavira.